Mercado imobiliário

ENTÃO! E AGORA?

— Mercado imobiliário

Diariamente temos várias previsões e opiniões de como se irá comportar a economia e o mercado, passando pelos mais otimistas que referem será um tema resolvido em pouco tempo e que rapidamente retomará tudo a normalidade, outros que apontam para vários meses e com consequências e efeitos negativos para a economia em geral.

O facto é que vínhamos duma realidade de crescimento económico e com o imobiliário em consolidação, sustentada e contínua, por isso a situação atual por ser tão inesperada é similar a uma recessão abrupta em que os investidores se contraem e adiam as suas decisões. 

Certamente que haverá efeitos colaterais, nomeadamente financeiros, sobretudo pela falta de liquidez, que levará ao incumprimento e se durar por vários meses (até ao verão) como dizem os pessimistas, podemos estar perante uma crise de crédito. Os mais otimistas consideram esta fase como um período circunscrito e definido em que rapidamente a economia voltará ao trajeto que vinha sendo feito desde fevereiro passado.

Qualquer que seja o cenário, haverá impactos na economia, nas empresas, emprego, …, o que levará à redução atual nos preços do imobiliário que no nosso entender é inevitável acontecer, sobretudo na procura de ativos afetos a AL e turismo, assim como nos de retalho (comércio) em geral. Nos restantes segmentos estamos em crer que serão menores, mas ainda assim aconteceram ajustamentos.

Nesta fase, sabemos que existem vários investimentos em curso, nomeadamente em construção nova e sobretudo no segmento residencial, cujos projetos continuam em desenvolvimento (pelo que nos é possível verificar no decurso da nossa atividade), contudo há duas dimensões que devem ser analisadas, a do investidor (promotor/vendedor) e a do comprador (também investidor), mas que convergem numa ótica “qual o momento certo para vender/comprar”, pois a expectativa atual e geral é de que se trata duma paragem repentina da economia, havendo uma perspetiva comum e mais ou menos realista que se trata duma paragem e está limitada a um período de tempo relativamente controlado/previsível, ou seja, que voltaremos aos níveis prévios à paragem.

Numa outra ótica, a do Governo e considerando as medidas apresentadas, que são na sua maioria o adiamento ou transferência das responsabilidades fiscais e prestações sociais para o futuro, o que nos parece “limpar para debaixo do tapete o problema”, há ainda as linhas de financiamento apresentadas com grande pompa, mas que não são mais do que financiamentos junto da banca, linhas de crédito para a tesouraria e liquidez de curto prazo, o que na opinião dalguns especialistas/economistas fazem pouco sentido neste momento, mas que podem ser úteis na fase seguinte da pós-pandemia. Numa outra medida, “Situação de Crise Empresarial” os pressupostos estão formatados para uma parte do tecido empresarial e não cobrem transversalmente todo o tipo de empresas.

Não se compreende como é que o Governo não entende uma coisa tão simples como: com a diminuição das receitas das empresas deveria haver diminuição dos encargos com o Estado, e os mesmos serem temporariamente suprimidos/anulados para o alivio das empresas e sustentação da sociedade/famílias, e também não comprometer o futuro da economia no pós-pandemia. A galinha dos ovos de ouro vai “secar” caso a atual situação se mantenha por um período considerável, sem que as medidas económicas sejam mais arrojadas e musculadas.